Em 1959, a gravadora Young, especializada em músicas em inglês cantadas por intérpretes brasileiros. O elenco da Young era estelar: Regiany, Nick Savoia, Demétrius, Hamilton Di Giorgio, Danny Dallas e o cantor guitarrista Gato (José Provetti), que mais tarde seria um dos melhores guitarristas solistas do Brasil. Havia também os conjuntos The Jesters Tigers (que acompanhava os grupos da casa), The Rebels, liderado pelo cantor Zezinho, que se tornaria anos mais tarde o famoso Prini Lorez e o principal nome da gravadora, The Avalons, um dos pioneiros no Rock instrumental. Além dos rockers já citados, havia muitos outros artistas contratados pela Young.
O ano corria solto e os rockers continuavam seguindo sua trajetória, ao mesmo tem em que iam despontando novos nomes no Rock brasileiro:
- Erasmo Esteves (que começou a usar o sobrenome Carlos em homenagem ao parceiro Roberto e o empresário Carlos Imperial) e os remanescentes dos Sputniks Arlênio Silva, China e Edson Trindade formaram o grupo The Snakes.
- Dois futuros grandes humoristas fizeram sua estreia como cantores de Rock: Moacir Franco, usando o pseudônimo de Billy Fontana e Paulo Silvino, neto do radialista Silvino Neto, na pele de Dixon Savanah (nome sugerido por Chacrinha).
- Sérgio Reis, cantor que fez muito sucesso na segunda metade da década de 60, também começou a cantar nessa época, usando o nome de Johnny Johnson.
- O conhecido compositor Hervê Cordovil anunciou o lançamento de seu filho Ronaldo, que se tornou mais conhecido como Ronnie Cord. George Freedman, cantor nascido na Alemanha lançou o disco “Hey Little Baby”/ “Leninha” e nos anos seguintes seria uma figura de frente do Rock.
- O cantor Albert Pavão foi convidado a participar der um programa de Rock na emissora de TV local em Bauru, SP, onde cantou “Tutti Frutti” de Elvis Presley.
- Os Golden Boys emplacavam outro sucesso com “Personality” (original de Lloyd Price). Fizeram, inclusive, uma aparição, cantando “Meu Romance com Laura”, na comédia Cala boca, Etelvina, estrelada por Dercy Gonçalves.
- O já conhecido Carlos Gonzaga continuava sua trilha de sucesso com versões de Fred Jorge para músicas de Neil Sedaka e Paul Anka. Falando em Sedaka, ele esteve no Brasil e encontrou os irmãos Campelo, com quem fez um memorável show, que contou com o a acompanhamento musical do professor Theotônio Pavão.
Em 1960, ano da inauguração de Brasília, a nova capital do País, último ano do mandato de JK, chamado “Presidente Bossa Nova”, ano em que o lutador de boxe Eder Jofre conquistou o título mundial dos pesos galo, grande façanha desse esporte no País. Também ano em que Maria Esther Bueno conquistava pela segunda vez o Torneio de Wimbledon (um feito inédito) e em que o Bahia conquistou o primeiro título do Campeonato Brasileiro, então chamado Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Rock estava plenamente consolidado em solo brasileiro e começaram a aparecer publicações especializadas como A Revista do Rock, que nasceu da necessidade que os jovens tinham em ter letras de música, bem como saber notícias de seus ídolos.
Foi nesse ano que Celly Campelo gravou outro megassucesso, Banho de Lua (versão de Fred Jorge para Tintarella de Luna) e se tornou uma grande celebridade da música e era chamada de “Namoradinha do Brasil”. Foi a primeira vez que aconteceu o lançamento de produtos tendo um artista como tema, como a boneca Celly da Trol e o bombom Cupido da Lacta. Cely ainda gravou comerciais para a Monark (bicicletas) e para o achocolatado Toddy. Paralelamente, Sérgio Murilo estourou com os sucessos “Marcianita” e “Broto Legal” e era a figura masculina da vez na cena roqueira do Rio de Janeiro.
Fontes:
Ensaio: Os Primórdios do Rock no Brasil por Andre de Oliveira
Rock Brasileiro 1955-65: trajetórias, personagens e discografia por Albert Pavão