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Achados e Perdidos: The Band, parte 3

Os dois primeiros álbuns gravados pela The Band deu visibilidade ao grupo e eles começaram a excursionar como atração principal. Vez ou outra trabalhavam com seu velho conhecido Bob Dylan. Em 1970, saiu o álbum Stage Fight, abordando temas como o medo e a alienação. O disco contou com a produção de Todd Rundgren e foi gravado num palco teatral localizado em Woodstock, Nova York. O velho amigo John Simon aparece tocando sax barítono. Destacam-se a faixa título, The Shape I’m In, Time to Kill e The Rumor. O guitarrista Robbie Robertson compôs a maioria das músicas, a exemplo dos álbuns anteriores.

Nesse ano, eles participaram do Festival Express ao lado de artistas como Janis Joplin e Grateful Dead. Inclusive, houve jams homéricas junto com Janis e o pessoal do Dead (Jerry Garcia e Bob Weir), conforme mostra um documentário sobre o show lançado em 2003. Robertson começou a exercer grande poder sobre a banda, o que começou a gerar embates, principalmente entre o guitarrista e o batera Levon Helm.

Em 1971, apesar dos problemas no âmbito interno, eles lançaram o álbum Cahoots. Além das costumeiras composições de Robbie (Shoot Out in Chinatown, The River Hymn) e músicas co-escritas com seus colegas de banda (Life is a Carnival com Levon e Rick Danko), o álbum teve canções escritas por Bob Dylan (When I Paint My Masterpieces) e Van Morrison (4% Pantomimes). Foi o último disco deles feito todo em estúdio até 1974.

Em 1972, veio o álbum ao vivo Rock of Ages, onde foi introduzida uma seção de metais, com arranjos de Allen Toussaint, um velho amigo deles. Destacam-se várias músicas dos álbuns lançados em estúdio e um cover de Marvin Gaye, Baby Don’t Do It (composta pelo fabuloso trio da Motown Holland-Dozier-Holland). No concerto da virada do ano, tiveram uma canja especial de Bob Dylan, que cantou When I Paint My Masterpieces e outras de seu repertório corrente.

Em 1973, eles lançaram Moondog Matinée, um álbum repleto de covers como Third Man Theme (do filme O Terceiro Homem), Promised Land (Chuck Berry), Mystery Train (Elvis Presley), The Great Pretender (The Platters), I’m Ready (Fats Domino), Ain’t Got no Home (Clarence “Frogman” Henry), Saved (Leiber & Stoller) e o hino da luta dos direitos civis negros A Change Is Gonna Come (Sam Cooke). Não foi feita turnê para divulgar o disco, mas The Band fez dois shows de abertura para os amigos do Grateful Dead no Estádio Roosevelt. Também tocaram no legendário festival Summer Jam at Watkins Glen, ao lado do Dead e Allman Brothers Band.

Em 1974, eles fizeram um álbum com Bob Dylan, Planet Waves, onde se destacam músicas como On a Night Like This,Going, Going, Gone e Something There Is About You. Também fizeram uma extensa turnê com o cantor. No final do ano, Dylan e The Band lançaram o álbum ao vivo Before the Flood, aproveitando os shows feitos em prol da turnê de 1974. Uma oportunidade para os fãs da The Band de ouví-los tocando clássicos dylanianos como Highway 61 Revisited, Like a Rolling Stone, Lay Lady Lay, Knockin’ on Heaven’s Door, Just Like a Woman e All Along the Wachtower.

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Achados e Perdidos: The Band, parte 2

Em 1965, depois de contratar apenas Robbie Robertson (guitarrista) e Levon Helm (bateria) para sua turnê, Bob Dylan logo foi persuadido pela dupla a recrutar a banda inteira. Essa associação entre Dylan e a banda marcou sua transição de cantor Folk para astro do Rock, para desagrado de muitos de seus fãs mais puristas, que consideraram a adesão dele à guitara elétrica uma profanação.

Durante quase um ano, além da turnê, Levon e seus companheiros também participaram de sessões de estúdio com o cantor, com resultados nem sempre satisfatórios. Uma das músicas,  Can You Please Crawl Out Your Window? foi lançada em single, chegando às paradas Hot 100 da Bill Board (58º lugar nos EUA, 17º na Grã Bretanha). Rick Danko, baixista dos Hawks (conforme algumas fontes) e Robbie Robertson tocaram em algumas sessões do álbum de Dylan, Blonde on Blonde. Em outubro desse ano, Levon deixou a banda, deprimido após algumas vaias num show. Para seu lugar foi chamado Sandy Konikoff.

Em 1966, os Hawks continuaram trabalhando com Bob Dyla, numa extensão da turnê do ano anterior. Ainda com a ausência de Helm, Mickey Jones foi recrutado para a bateria no lugar de Sandy Konikoff. Dylan e os Hawks tocaram no lendário show do Free Trade Hall em Manchester, onde ao fima do set elétrico, algumas pessoas da platéia começarama a chamar Dylan de Judas, por causa de sua adesão ao som eletrificado. O cantor, louco da vida, empunhou a guitarra e gritou para a banda: “Não acredito no que estou ouvindo! Vamos tocar absurdamente alto.” Aí mandaram ver numa versão muito ácida de Like a Rolling Stone (encontrada em algunsa bootlegs). Em julho, Dylan sofreu um acidente de moto e se afastou dos shows por um tempo. Os Hawks voltaram aos EUA com o chefe e passaram a morar em Woodstock, Nova York, sendo ainda pagos, apesar de não fazer shows. Mesmo assim, a banda começou a fazer algumas gigs com cantores como Tiny Tim. Paralelamente, começaram agravar com Dylan bastante material que foi transformado em bootlegs, chamados The Basement Tapes.

Em 1967, Rick e Robbie conseguiram convencer Levon a voltar ao seio dos Hawks, que era conhecida apenas como “the band”. Helm chegou a apelidá-los de The Crackers, mas quando Albert Gross, empresário de Bob Dylan quis assinar um vantajoso contrato com eles, ficou decidido que eles atuariam sob o nome The Band, uma vez que semrpe foram conhecidos como banda de apoio (Bob Dylan & The Band, Tiny Tim & The Band etc.).

Em 1968, gravaram pela Capitol Records seu primeiro álbum Music from The Big Pink, considerado um dos melhores discos de estréia da história do Rock, onde se destacam músicas co-escritas com o chefe Bob Dylan como This Wheel’s on Fire, Tears of Rage e I Shall Be Released e  sua composição própria, um verdadeiro clássico, The Weight, que também fez parte do filme Sem Destino. Mesmo não sendo uma banda psicodélica, The Band deixou registrada ao menos uma canção no estilo, Chest Fever. O nome do disco é uma homenagem à casa onde a banda se reunia para escrever e tocar. O produto do álbum, John Simon era considerado um sexto membro da confraria.

Em 1969, aproveitando o sucesso do disco, tocaram no lendário Festival de Woodtcok, apesar de não aperecerem no filme. Também tocaram com Dylan no Festival Isle of Wight. Foram para o estúdio gravar seu segundo álbum, auto-intitulado, que tinha alguns temas de fundo histórico como The Night They Drove Old Dixie Down (que também foi gravada por Joan Baez), King Harvest (Has Surely Come) e Jawbon, além de outras músicas que chegaram ás paradas norte americanas como Rag Mama Rag (57º lugar) e Up on Cripple Creek (25º lugar).

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Achados e Perdidos: The Band, parte 1

Eles foram uma das mais importantes bandas de acompanhamento do Rock and Roll e sua despedida dos palcos rendeu um dos melhores documentários de todos os tempos. Se o lendário Carrossel Holandês de 1974 – o time formado por jogadores da Holanda, sob a liderança de Johann Cruyff – fosse uma banda musical, com certeza seria nossa banda  biografada. Falamos de The Band.

Em 1959, o cantor canadense Ronnie Hawkins formou The Hawks, uma banda que o acompanhava em seus shows. O americano Levon Helm (nascido Mark Lavon Helm no dia 26 de maio de 1940 em Elaine, Arkansas) foi um dos primeiros músicos a serem recrutados por Hawkins. Embora tocasse guitarra, baixo, bandolim e gaita, Levon optou por ser baterista do grupo, que tinha em seu primeiríssimo line up Fred Carter Jr. (guitarra, backing vocals), Jimmy Evans (baixo), Willard Jones (piano) e Jimmy Ray Paulman (guitarra). Após muitos shows, eles se converteram em uma das principais bandas do Canadá. Hawkins costumava substituir os membros atuantes dos Hawks por músicos promissores.

Foi entre 1960 e 1961, que entraram para a banda os canadenses Rick Danko (nascido Richard Clare Danko no dia 29 de dezembo de 1942 em Green’s Corners, Ontário) no baixo, Robbie Robertson (nascido Jaime Royal Robertson no dia 5 de julho de 1943 em Toronto, Ontario) na guitarra líder, Richard Manuel (nascido Richard George Manuel no dia 3 de abril de 1943 em Stratford, Ontário) no piano e Garth Hudson (nascido Eric Garth Hudson no dia 2 de agosto de 1937) no órgão, considerada a formação mais clássica dos Hawks. O que Levon e seus novos companheiros tinham em comum era o fato de tocarem diversos instrumentos.

De todos os que compuseram essa nova safra dos Hawks, a entrada de Garth foi a mais complicada. Hawkins o viu tocando com sua banda The Capers e gostou de seu estilo, convidando-o para o The Hawks. Gentilmente, Hudson recusou, alegando que pretendia seguir na música como professor e não tocando em bandas. Ronnie não se deu por vencido e continuou tentando persuadir o organista, inclusive oferecendo a ele dez dólares por semana por lições de música a cada membro da banda, além do seu cachê como Hawk. Garth só entrou para a banda depois que Ronnie concordou em deixá-lo como consultor musical dos Hawks, além do trato acima.

Em 1963, Hawkins e sua banda entraram em rota de colisão. Levon e seus colegas estavam cansados de tocar as mesmas músicas do repertório do chefe e propuseram um repertório calcado em composições próprias, algo que Ronnie era totalmente contra, além de exercer um regime ditatorial como líder. Foi então que foi decidido, de forma unânime, o desligamento deles como Hawks. Hawkins teve que a aceitar essa dissociação e seus músicos formaram uma banda independente. Primeiro usaram o nome The Levon Helm Sextet, com a adição do saxofonista Jerry Penfound.

Em 1964, eles voltaram a ser um quinteto com o nome Canadian Squires, gravando um single de pouca repercussão, Uh-Uh-Uh/Leave Me Alone. começaram a trabalhar em projetos de vários artistas, nunca o quinteto completo. Levon, Garth e Robbie trabalharam com o cantor de Blues John Hammond em seu álbum So Many Roads [aqui, Baby Please Don’t Go]. No ano seguinte, como fãs confessos do bluesman Sonny Boy Williamson II que eram, eles o encontraram e ofereceram seus préstimos ao gaitista como banda de apoio. Logo após essa conversa, infelizmente, Williamson faleceu.

Voltaram ao estúdio para gravar seu segundo single, The Stones I Throw/He Don’t Love You (and He’ll Break Your Heart), usando o nome Levon & The Hawks. Nesse mesmo ano, John Hammond indicou os rapazes para seu amigo Bob Dylan, que estava precisando de uma banda de apoio para fazer sua famosa “turnê eletrificada”. Uma amiga deles, Mary Martin era secretária de Albert Grossman, empresário de Dylan e sugeriu ao cantor: “você tem que ver esses caras tocando!” Ele foi assistir a um show de Levon & The Hawks e contratou Helm e Robertson para sua banda. Os dois amigos fizeram um lobby e conseguiram convencê-lo a contratar a banda toda, numa das melhores associações da história do Rock.

Uma das primeiras encarnações da The Band: The Levon Helm Sextet

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Achados e Perdidos: The Sonics

Apenas um certo número de aficcionados em anos 60 os conhece. Lançaram a tendência garageira e foram  precursores do som Punk que dominou o mundo na segunda metade da década de 70 e até da cena de Seattle nos anos 90. Com vocês: The Sonics!

A história da banda ao início da década de 60 na cidade de Tacoma, Washington, EUA, quando o guitarrista  Larry Paripa se juntou ao baterista Mitch Jaber e o guitarrista Stuart Turner mais um baixista com baixo acústico e um saxofonista numa banda de Rock instrumental. No ano seguinte, o irmão de Larry, Andy substituiu o baixista e Tony Mabin veio a se tornar o novo saxofonista. Turner foi outro a saltar fora para se alistar no exército e em seu lugar entrou Rich Koch. Decidiram acrescentar uma vocalista ao grupo e Marilyn Lodge foi admitida. O ciclo se fechou quando Jaber deixou o grupo e foi substituído pelo batera Bill Dean, sendo Larry Parypa o único remanescente da formação original.

Em 1963, foi a vez de Koch e Lodge sairem. Ray Michelsen, um vocalista muito conhecido na região entrou para a banda e Larry começou a reparar que Bill Dean não estava muito comprometido com a banda e passou a procurar um novo baterista. Num show da banda The Searchers (nada a ver com a banda inglesa homônima), gostou da performance de Bob Bennett, junto com  Gerry Roslie (vocais, órgão) e Rob Lind (sax, vocais, gaita). Quando Michelsen e Mabin mostaram vontade de deixar a banda, Larry não teve dúvida: chamou o batera e seus colegas, completando o time que se tornou a formação clássica dos Sonics. Com Roslie como frontman, começaram a  fazer fama no circuito de bandas de Washington, em lugares como Red Carpet, Olympia’s Skateland, Evergreen Ballroom, Perl’s (Bremerton), Spanish Castle Ballroom e St. Mary’s Parish Hall.

Eles chamaram a atenção  de Buck Ormsby, baixista da banda The Wailers (não confundir com a banda jamaicana liderada por Bob Marley), que atuava como uma espécie de caça-talentos do próprio selo da banda, Etiquette Records, sendo contratados em seguida. No fim de 1964, gravaram seu primeiro single, The Witch/Keep a Knockin’ (esta um cover de Little Richard). Não teve pra ninguém: os Sonics conquistaram a moçada de Washington de vez e o single era um dos mais tocados nas rádios locais.

Em 1965, veio o primeiro álbum da banda Here are The Sonics, que foi gravado em Seattle, Washignton, de uma forma bem precária para a época (um gravador de duas pistas e apenas um microfone para toda  a bateria). Veio daqui a tendência garageira da banda, com um som cru como característica marcante, sem overdubs. Músicas como Psycho, Strychnine, bem como os covers de Roll over Beethoven (Chuck Berry), Do You Love Me? (Contours), Have Love, You Travel (Richard Berry), Money (That’s What I Want) (Barrett Strong, Beatles), Walking the Dog (Rufus Thomas) e Good Golly Miss Molly (outro cover de Little Richard) agradaram em cheio.

No álbum seguinte, Boom eles foram mais longe ainda, rasgando a parede de proteção sonora do estúdio – que tinha orientação Country & Western – para que tudo soasse como se tocassem ao vivo. A porradaria dos Sonics continuava com Shot Down, The Hustler, It’s Alright e os covers explosivos Skinny Minnie (Bill Haley & his Comets), Let the Good Times Roll (Shirley & Lee), Hitchhike (Marvin Gaye), Louie Louie (Richard Berry, Kingsmen), Jenny Jenny (os caras gostam de Little Richard, não?) e Since I Fell for You (Buddy Johnson).  Fizeram turnês junto com os Beach Boys e as Shangri-las.

Em 1966, ao se transferirem para a gravadora Jerden Records, as coisas começaram a desandar para a banda. Seu álbum Introducing The Sonics foi muito mal de vendas. Reza a lenda que os executivos da nova gravadora empurraram os Sonics para um som mais polido que o usual, o que acabou descaracterizando a banda. Os próprios Sonics acharam o resultado do disco “um lixo”. Roslie e Bennett saíram da banda enquanto Lind e os irmãos Parypa tentaram manter os Sonics com outras formações. Em 1968 a banda chegou ao fim,m as começaram a ter fama a posteriori, que fez com que fizessem uma breve reunião da formação clássica em 1972.

Depois de um lapso de quase 12 anos, Gerry Roslie formou um nvo grupo intitulado The Sonics que gravou um álbum chamado Sinderella, com muitas músicas que fizeram a fama da banda nos anos 60. Mais 20 anos se passaram e a banda voltou à ativa em 2007, com Roslie, Larry Parypa e Rob Lind, da formação clássica junto com Ricky Lynn Johnson, ex-TheWailers (bateria) e Don Wilhelm  do The Daily Flash (baixo) no lugar de Bob Bennett e Andy Parypa, respectivamente. Estes dois últimos não voltaram por causa da falta de disponibilidade para viajar com a banda. Em 2008, Bennett finalmente pôde se reunir comos velhos chegados para alguns shows. Em 2009, Wilhelm saiu e foi substituído por Fred Dennis. Em 2010, foi a vez de Andy Parypa dar as caras na banda para participar de um EP produzido por Jack Endino intitulado 8, com quatro músicas inéditas dos Sonics. A história da banda parece longe de terminar.

Fontes:

Wikipedia (em inglês)

All Music

Site Oficial The Sonics

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Achados e Perdidos: Rory Storm & The Hurricanes, finale

Ringo saiu dos Hurricanes enquanto eles faziam residência no Butlins da cidade de Skegness. John e Paul teriam feito a proposta e tiveram uma conversa franca com Rory Storm. Foi aí que Paul então garantiu que Brian iria convencer Pete a entrar na banda. O contato foi feito mas Pete não estava acessível. O jeito foi usar alguns bateristas, um dos quais Anthony Ashdown, que era um ator.

Não houve mágoa por parte de Rory com os Beatles e as duas bandas continuaram muitoa migas dividindo diversas vezes os palcos (inclusive num memorável show de um dos reis do Rock Little Richard. No começo de 1963, veio o batera Gibson Kemp, mas ficou pouco tempo, juntando-se ao King Size Taylor & The Dominoes, banda que quase havia desfalcado os Hurricanes antes. Veio Brian Johnson e este acabou indo para a banda Mark Peter & the Silhouettes. John Morrisson também ficou pouquíssimo tempo. Em agosto de 1963, assumiu Keef Hartley, que já havia trabalhado com  bandas locais como Preston’s Thunderbeats e Freddie Starr & the Midnighters. Saiu, pouco depois para formar com Art Wood e Jon Lord (futuro Deep Purple) a banda The Artwoods.

Brian Epstein acabou se tornando empresário da banda e conseguiu um contrato coma gravadora Oriole, fazendo as vezes de produtor. Seu primeiro single Dr. Feelgood/I Can’t Tell foi o dèbut fonográfico da banda, a essa altura muito querida em Liverpool. Infelizmente, a repercussão em nível nacional foi muito pouca. Aí foram para a Parlophone e gravaram outro single, America/Since You Broke My Heart. Na primeira música, composta por Leonard Bernstein para o famoso musical West Side Story, contaram com ajuda do velho amigo e ex-colega Ringo que fez percussão, bem como backing vocals junto com Epstein. Gravaram mais um single pela gravadora, Ubangui Stomp/I’ll be There, que nunca foi lançado. Em Liverpool, o single America foi muito bem de vendas, mas no rsto da Inglaterra, Rory e sua banda continuavam sendo totalmente desconhecidos.

Nessa altura, enquanto inúmeras bandas de Liverpool conquistavam a Grã Bretanha, os Hurricanes ficaram de fora da festa, restando a eles manter o pique em sua cidade. Rory era considerado o Rei de Liverpool. Continuava o revezamento de bateristas: Ian Broad chegou, ficou pouco tempo e foi substituído por Trevor Morais (ex-Faron’s Flamingoes), que saiu pouco depois para formar The Peddlers e no final da década Quantum Jump. Ringo ofereceu ajuda aos velhos companehiros, que foi inexplicavelmente recusada. A saída de Lou Walters, membro importante da história dos Hurricanes, substituído por Vince Earl (ex-Zeros and the Talismen) foi um duro golpe na banda. Sobravam Rory, Ty e Johnny Guitar e a banda começou a ficar desfigurada. A morte de Ty O’Brien em 1967, após sofrer um colapso no palco encerrou uma era. Seus dois colegas sobreviventes tentaram manter os Hurricanes na ativa, mas o furacão havia perdido sua força. Foi o fim da banda mais cult do Mersey Beat.

Rory se tornou DJ e se mudou para Amsterdam, Holanda para tentar a sorte fora da Inglaterra. A morte do pai, Ernie Caldwell, entretanto, fez com que voltasse à sua terra natal para cuidar da mãe, Violet. Ele começou a ter uma infecção pulmonare começoua  tomar remédios para dormir, devido à dor intensa causada pela doença. Em 1972, foi encontrado morto, junto à querida mãe, também morta. A autópsia revelou que a causa mortis foi a mistura dos remédios de dormir com álcool. Reza uma lenda que ele e a mãe teriam feito um pacto de morte.

Fontes:

Wikipedia

Mersey Beat  

Blog Eduardo Ayres 

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Achados e Perdidos: Rory Storm & The Hurricanes, parte 4

Nessa viagem a Hamburgo, os Hurricanes e os Beatles começaram a amadurecer como músicos, mas as noitadas frenéticas cobravam ônus. Foi aí que começaram a usar anfetaminas como Preludin (ou Prellies como eles chamavam). Os seguranças do Kaiserkeller ficavam atrás das bandas quando eles davam suas escapadinhas para a cidade e não raro usavam seus porretes para intimidaros músicos.

Em outubro de 1960, Allan Williams sugeriu que Lou Walters, baixista e vocalista da banda gravasse um disco numa cabine automática, muito comum na Alemanha. Para não bater de frente com Rory, parececendo uma sabotagem, Allan chamou John, Paul e George dos Beatles como banda de apoio. Como Pete Best, batera da banda tinha sumido (alguns diziam que ele tinha ido ao centro para comprar baquetas), Ringo foi chamado e aquilo resultou na primeira vez em que os futuros Fab 4 tocaram juntos. Reza a lenda que Rory e Johnny Guitar dos Hurricanes, estavam fora da cabine acompanhando a gravação. Veja aqui mais detalhes do episódio.

De volta a Liverpool, em 1961, Rory e os Hurricanes tinham inúmeros compromissos, muitos deles graças ao promoter Sam Leach e conseguiram o posto de melhor banda da cidade  mas tiveram que disputar com os amigos Beatles, quando do retorno deles de Hamburgo e uma bem sucedida residência no Cavern Club convertido ao Rock. Através do jornal Mersey Beat de Bill Harry, divulgador da cena local, as bandas de Liverpool e arredores começaram a chamar atenção em outros lugares da Grã Bretanha, sobretudo Londres.

No fim do ano, Ringo começou a cogitar sua saída amigável da banda e poderia ir para Derry Wilkie & The Seniors, quando recebeu uma oferta irrecusável de Tony Sheridan & The Beat Brothers para uma tenmporada no Top Ten Club em Hamburgo. Muito amigo do baterista, Rory não fez nenhuma objeção quanto a sua saída.  Enquanto Ringo estava ausente,  o baterista Derek Fell  (The Executioners) tocou em seu lugar. Mas a estada de Ringo com Sheridan foi muito curta por conta da mania que o guitarrista tinha de mudar o repertório e os acordes das músicas sem avisar previamente sua banda. Aí ele voltou aos Hurricanes qual filho pródigo.

Em fevereiro de 1962, Ringo foi chamado às pressas para substituir Pete Best nos Beatles, pois este estava muito doente. Eles fizream uma turnê na França para as tropas dos EUA que estavm no país. Por um curto período, levaram uma vocalista de apio chamada Vicky Woods. Após o retorno à Inglaterra foi a vez de Lou Walters deixar a banda por um tempo, indo tocar nos Seniors.

Em agosto, Ringo foi sondado pela banda Kingsize Taylor & The Dominoes e convidado a tocar com eles na Alemanha, oferecendo 20 libras por semana. Só que os Beatles cobriram a oferta e ofereceram 25 libras semanais e então Ringo fechou com eles, dando início à conhecidíssima uma história de sucesso com a banda. Rory não imaginava que a saída de Ringo seria o começo do fim.

Conclui no próximo post. 

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Achados e Perdidos: Rory Storm & The Hurricanes, parte 3

Naquele ano de 1960, Rory Storm & The Hurricanes era a banda de Rock and Roll mais popular da cidade e era a banda residente do acampamento de veraneio Butlins na localidade de Pwllheli, ganhando £25 (25 libras esterlinas) por semana. Nessa altura, Ringo estava balançado entre o que ganhava tocando com a banda e o que poderia receber se continuasse numa emprego fixo. Rory conseguiu convencê-lo a continuar na banda criando para ele um spotlight solo (o que ele chamava de Starr-time) nos shows cantando Boys (Shirelles) e Matchbox (Carl Perkins). Além disso, o que ganhou o batera foi saber que ia “chover mulher” no lugar.

O empresário Allan Williams teve intersse na banda para que eles tocassem uma temporda em Hamburgo, Alemanha. Williams viu o quanto era lucrativo esse negócio e precisava de uma banda adicional para alternar com a banda Derry Wilkie & The Seniors. Como os Hurricanes estavam comprometidos com Butlins, sugeriram que Allan mandasse Gerry & The Pacemakers, mas o empresário acabou fechando com os Silver Beatles, após uma bem sucedida turnê pela Escócia acompanhando o cantor Johnny Gentle.

Com o fim do compromisso, Rory também acabou fechando com Williams e a banda foi para Hanburgo a fim de substituir Derry & The Seniors. Lá encontraram os Beatles e as duas bandas ficaram muito amigas, com direito a farras homéricas e renhidas brigas com travesseiros. Foi no Kaiserkeller que as performances excêntricas de Rory tiveram seu apogeu. Isso sem contar que o visual colorido dos Hurricanes e o mis-en-cene anfetamínico de seu vocalista antecipavam as bandas psicodélicas em uma década.

Rory costumava subir nos amplificadores e pular no palco. Algumas vezes, desaparecia do palco, vindo a reaparecer em algum lugar da plateia. Os frequentadores do bar iam à loucura e os Hurricanes justificavam porque eram a banda mais popular da Inglaterra. Se Long John Baldry pode ser considerado o primeiro vocalista de Blues na Inglaterra, Rory Storm era seu equivalente no Rock and Roll.

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Achados e Perdidos: Rory Storm & The Hurricanes, parte 2

Como a banda estava ficando aficcionada em temas Country, inclusive usando indumentárias de cowboys,  Alan Caldwell, que já era conhecido como Rory Storm, sugeriu ao seu novo baterista que mudasse seu nome para Ringo (de anéis, pois Ritchie usava muitos nos dedos e um famoso personagem de filmes de faroeste) Starr (a estrela que o xerife usava na época do Velho Oeste. A própria banda também mudou seu nome para Al Storm & The Hurricanes, Jett Storm & The Hurricanes até fechar em Rory Storm & The Hurricanes.

O début de Ringo na banda aconteceu em março de 1959. Pouco antes disso, o jovem guitarrista dos Quarrymen, George Harrison aproveitou que sua banda estava parada e ofereceu seus préstimos a Rory. Ele havia feito um teste no Morgue para entrar nos Quarrymen um ano antes. Storm recusou o pedido de George por sugestão da mãe, Violet Caldwell, com quem tinha uma grande ligação. Ela o achava muito novo.

Rory e seus rapazes participaram de um concurso de talentos chamado Search for Stars e ficaram em segundo lugar. Em janeiro de 1960, conseguiram fechar uma apresentação no Cavern Club, então um reduto de Jazz de Liverpool, conhecido por seus frequentadores que doiavam Rock e Blues eletricficado. Storm “deu a cara pra bater” e começou o show tocando Cumberland Gap de Lonnie Donegan, que foi tolerada por ser um Skiffle. Mas quando a banda mandou ver Whole Lotta Shakin’ Goin’ On de Jerry Lee Lewis, um clássico do Rock, o tempo fechou. Os puristas começaram a vaiá-los e jogaram moedas de cobre no palco, uma forma de menosprezar o trabalho da banda.

O grande momento da banda veio ao abrir um show de Gene Vincent na cidade, o que chamou a atenção do empresário Larry Parnes, que convidou os Hurricanes para um teste para escolher uma banda de acompanhamento para o rocker inglês Billy Fury numa turnê. Rory aceitou mas o malandro só foi lá para tirar uma foto com Fury. Quem participou do teste foram os Silver Beatles (ex-Quarrymen), que acabaram sendo rejeitados.

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Achados e Perdidos: Rory Storm & The Hurricanes

Inauguro aqui mais uma série no blog que vai tratar de bandas/artistas obscuros ou desconhecidos, que fizeram um só sucesso (One Hit Wonders), que fizeram parte da árvore genealógica ou da história de outros grupos/artistas consagrados, que são cult ou desconhecidos no mainstream. Vamos falar de uma banda que faz parte da história dos Beatles: Rory Storm & The Hurricanes.

Quando o Skiffle estourou na Inglaterra nos idos de 1956, após a aparição de Lonnie Donegan num programa de TV cantando e tocando Rock island Line de Leadbelly, os garotos ingleses começaram a formar bandas de norte a sul e de leste a oeste do país. A cidade portuária de Liverpool não passou incólume a essa febre. Em 1957, o jovem Alan Caldwell reuniu alguns amigos e formou sua banda, chamada inicialmente Dracula & The Werewolves. Depois mudou de ideia e fechou com o nome Al Caldwell’s Tornadoes. A primeira formação da banda contava com Alan nos vocais, Johnny Byrne “Johnny Guitar” (guitarra rítmica), Jeff Truman (baixo de caixa ce chá), Reg Hales (washboard) e Paul Murphy (guitarra líder). Rory era gago, mas no palco esse problema não o afetava (bem parecido com o nosso Nelson Gonçalves, não?). O baixista Spud Ward (que foi um dos fundadores da banda Swinging Blue Jeans) entrou no lugar de Truman.

Em março de 1958, Alan abriu um clube na cidade chamado Morgue Skiffle Club, onde os Tornadoes eram a banda residente e contavam com os Quarrymen em alguns shows. Nessa altura dos acontecimentos, Al mudou o nome da banda para The Raving Texans, onde dispensaram Reg Hales e  duas substituições: Spud Ward  por Walter Eymond, também chamado Lou Walters, que passou a dividir os vocais com Alan e Paul Murphy por Charles “Ty” O’Brien. Quando os Raving Texans tocaram num concurso de talentos local chamado 6.5 Special com a banda Darktown Skiffle Group, Alan conheceu o baterista Ritchie Starkey. Ficaram muito amigos e no final do ano, Al convidou-o a entrar na banda.

Continua no próximo post.

Rory Storm: foto tirada por Astrid Kirchherr

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