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Grandes Duplas Musicais: Leiber & Stoller, parte 1

Depois de alguns meses, estamos de volta com nossa seção Grandes Duplas Musicais, dessa feita homenageando dois verdadeiros “arquitetos” do repertório da Primeira Onda do Rock and Roll . Dois grandes amigos e parceiros cujas composições se tornaram verdadeiros hinos do Rock, interpretados por Elvis e pelos Coasters. Com vocês: Jerry Leiber & Mike Stoller, uma das melhores duplas de compositores da história da música, ancestrais de Lennon & McCartney e Jagger & Richards.

Mike Stoller (nascido Michael Stoller no dia 13 de março de 1933 em Long Island, NY, EUA) e Jerry Leiber (nascido Jerome Leiber no dia 25 de abril de 1933 em Baltimore, Maryland, EUA) se encontraram pela primeira vez em 1950 em Los Angeles, Califórnia. Mike era calouro na Los Angeles City College, enquanto que Jerry já era veterano na Fairfax High. Um era pianista em clubes da cidade e o outro trabalhava numa loja de discos. Apesar dessas diferenças sócio-educacionais, eles tinham algo em comum: eram de famílias judaicas e partilhavam um amor incomum ao Blues e o R&B, o que foi predeterminante para que começassem a compor juntos.

A primeira música da lavra de Leiber & Stoller foi Real Ugly Woman, gravada pelo bluesman Jimmy Witherspoon. Em 1952, escreveram sua primeira composição de sucesso, Hard Times interpretada por Charles Brown que foi um verdadeiro hit nos charts de R&B. Nesse ano também escreveram seus clássicos Kansas City, que foi gravada por Little Willie Littlefield com o nome K.C. Loving e Hound Dog, brilhantemente interpretada pela diva do Blues Big Mama Thornton, sendo essa música um grande hit dela em 1953. Mike e Jerry se juntaram a seu mentor e amigo, Lester Sill (1918-1994) para criar o selo Spark Records. As músicas Smokey Joe’s Cafe e Riot in Block #9 foram escritas nessa época para um novo grupo de R&B chamado The Robins.

A Atlantic Records comprou a Sparks e a dupla foi contratada como produtores fonográficos independentes. Eles compuseram grandes sucessos dos Coasters (grupo formado por remanescentes dos Robins) como Yakety Yak, Charlie Brown, Searchin’, Youngblood (coescrita com Doc Pomus), Three Cool Cats, Down in Mexico, Little Egypt, Poison Ivy, Framed, D.W. Washburn, Along Came Jones e muitas outras. Escreveram para LaVern Baker (Saved), The Clovers (Love Potion #9). Algumas de suas composições como There Goes My Baby (coescrita por Ben E. KingLover PattersonGeorge Treadwell), Money Honey, Dance With Me (coescrita com Lebish, Treadwell, Nahan) e Ruby Baby revitalizaram a  carreira dos Drifters.

Quando Elvis Presley regravou o clássico Hound Dog, a dupla caiu nas graças do Rei e eles fizeram parte do cast de compositores do cantor. A dupla escreveu para Elvis as músicas (algumas verdadeiros clássicos do Rock) Jailhouse Rock, King Creole, a já citada Money Honey (gravada pelos Drifters), (You’re So Square) Baby I Don’t Care (também gravada por Buddy Holly), Lovin’ You, Santa Claus is Back in Town, Treat Me Nice, Don’t, Trouble, She’s Not You (coescrita com Doc Pomus) e Bossa Nova Baby, entre outras. A regravação de Kansas City por Wilbert Harrison em 1959 chegou ao primeiro lugar nos charts. Quando Ben E. King saiu dos Drifters para uma bem sucedida carreira solo, Leiber e Stoller coescreveram seu sucessos Spanish Harlem e Stand By Me.

Mesmo o Rock and Roll tendo sofrido um golpe fatal no fim da década de 50, a dupla continuou seus trabalhos de produção/composição cooperando com colegas como Pomus & Shuman . O produtor Phil Spector bebeu na fonte dos mestres e aprendeu muitos dos macetes de produção musical e recursos de composição. A eclosão da Segunda Onda, primeiramente na Inglaterra e depois nos EUA, ajudou a consolidar a importância da dupla como compositores.

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Leiber, Stoller e Elvis: uma parceria que deu certo

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Monkees Review: Boyce & Hart, parte 1

Juntos, eles formaram uma talentosa dupla de compositores e músicos que foi responsável por músicas do famoso seriado dos Monkees que se converteram em verdadeiros clássicos. Nos anos 70, eles se juntaram a dois membros dos Monkees para o um projeto diferenciado. Vamos falar dos fenomenais Boyce & Hart.

Tommy Boyce (nascido Sidney Thomas Boyce no dia 29 de setembro de 1939 em Charlottesville, Virginia, EUA) tornou-se cantor mas teve que encarar muitas rejeições e portas fechadas an cara. Seu pai então sugeriu que ele escrevesse uma canção para a lenda do Rock Fats Domino e entregasse a ele. Tommy montou campana no hotel onde Fats estava hospedado e depois de seis horas conseguiu entregar a ele uma demo que tinha gravado. Mr. Domino ouviu a canção, gravou-a e não deu outra: Be My Guest chegou ao 8° lugar nas paradas norte americanas (ficou em 11º na Grã Bretanha) e foi durante anos um hit recorrente. Paralelo a isso, Bobby Hart (nascido Robert Luke Harshman no dia 18 de fevereiro de 1939) começava a dar seus primeiros passos como cantor, depois de ter servido ao exercito. Foi para Los Angeles, onde começou a batalhar por um espaço. Seu agente sugeriu que Bobby usasse o sobrenome Hart (uma forma reduzida de seu sobrenome de batismo).

Em 1959, Boyce e Hart se encotraram pela primeira vez e desocriram coisas em comum. Ficaram tão amigos que Bobby chamou-o no ano seguinte para participar das sessões de seu single de estréia, Girl In The Window. O tal disco fracassou veementemente e Boyce firrmou uma breve parceria com o cantor Curtis Lee. Juntos compuseram o clássico do Doo Wop Pretty Little Angel Eyes, que ficou em 7º nas paradas. Continuaram desenvolvendo seus projetos individuais, mas esemore estavam por perto um do outro para ajudar em uma ou outra canção. Boyce gravou o single I’ll Remember Carol, que ficou em 9º lugar ns charts. Os dois amigos formaram a banda Candystore Prophets (de quem falaremos num futuro post da seção Monkees Review).

A partir de 1964, começaram a compor em conjunto para grandes nomes como Chubby Checker (Lazy Elsie Molly), Jay & the Americans (Come a Little Bit Closer), Paul Revere and the Raiders (I’m Not Your Steppin’ Stone) e The Leaves (Words), músicas essas que acabaram se tornando hits dos Monkees mais tarde. Nesse perído, Hart compôs uma de suas únicas músicas fora da lavra Boyce & Hart, Hurt So Bad, coescrita por Teddy Randazzo para Little Anthony & the Imperials.

Em 1965, os dois amigos ficaram sabendo que os produtores Bert Schneider e Bob Rafelson estavam procurando compositores para a trilha sonora de um seriado que estava sendo desenvolvido pela Screen Gems. O afamado produtor e compositor Don Kirshner acabou sendo contratado para essa função, mas Bobby Hart não esmorecerem e ofereceram seus préstumos como músicos e compositores a Kirshner. Depois de uma audição, eles foram recrutados para trabalharem no lendário Brill Building, que já tinha compositores peso pesados como Gerry Goffin & Carole King, Paul Simon, Neil Sedaka & Howie Greenfield, Barry Mann & Cynthia Weil, só para ficarmos em alguns. Biyce, Hart e os Candystores fucaram incumbidos de criar as músicas para o episódio piloto do seriado, que foi chamado The Monkees. Foi aí que nasceu o clássico (Theme from) The Monkees, a primeira de muitas colaborações para a banda. Numa demo, Tommy e Bobby fizeram os vocais e os Candystores tocaram os instrumentos. Também tiveram destaque no primeiríssimo disco dos Monkees com o já citado tema, os super-clássicos I Wanna Be Free, This Just Doesn’t Seem to Be My Day, Let’s Dance On, Gonna Buy Me a Dog e Last Train to Clarksville, que foi um dos grandes hits do disco. Boyce ainda escreveu Tomorrow’s Gonna Be Another Day com coautoria de Steve Venet) .

Nos discos seguintes dos Monkees (lançados antre 1966 e 1968), as composições de Boyce & Hart marcaram presença: I’m Not Your Steppin’ Stone e She (More of The Monkees), I’ll Spend My Life With You, I Can’t Get Her Off Of My Mind e Mr. Webster (Headquarters), Words (Pisces, Aquarius, Capricorn & Jones Ltd.), P.O. Box 9847 e Valleri (The Birds, The Bees & The Monkees). O disco Head e os subsequentes são os únicos sem músicas da dupla, que deixou de produzir músicas para a banda após o fim do seriado.

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Uma grande dupla de compositores: Tommy Boyce & Bobby Hart

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Grandes Duplas Musicais: The Carpenters, finale

Apesar da vendagem dos discos começarem a baixar no decorrer da década de 70, a popularidade dos Carpenters estava em alta e eles prosseguiram fazendo turnês, aparições em programas de TV, muitos shows, enfim inúmeros compromissos que se interpunham na vida particular da dupla. Karen, desde novinha nutria o desejo de se casar e ser mãe. Ela teve flertes e namoros com alguns músicos mas os romances não duraram muito, deixando-a muito frustrada. Já Richard, conheceu Mary Rudolph, irmã de um road manager dos carpenters chamado Mark Rudolph, e começou a namorá-la. mas além da vida pessoal, havia também os problemas de saúde. Karen era anoréxica e Richard era dependente de Quaaludes, um sonífero muito forte.  Karen teve que se tratar em 1975 e Richard cessou as atividades no final da década de 70.

No período em que Richard estava internado, Karen não queria ficar parada e então começou a gravar seu primeiro álbum sem o irmão com a produção de Phil Ramone. Era um trabalho mais adulto de Karen, onde cantava temas que em nada lembravam as músicas dos Carpenters pela levada Disco Music e onde ela cantava algumas canções num timbre mais agudo do que o habitual. Something’s Missing (In My Life) , Love Making Love To You e Truly You são algumas das músicas dos disco. Richard e os executivos da A & M receberam a notícia sobre o projeto de Karen de forma fria e ela ficou balançada entre terminar o disco ou retomar a dupla com o irmão. Prevaleceu a segunda alternativa, o disco foi engavetado e ela teve que desenbolsar o valor de 400.000 dólares para os custos dele.

Em 1981, com a volta de Richard à ativa, os Carpenters voltaram ao estúdio para gravar o derradeiro disco contando com Karen, Made in America, que tinha músicas como (Want You) Back in My Life Again (Kerry Chater, Chris Christian), Those Good Old Dreams  e Because We Are in Love (The Wedding Song) (ambas de John Bettis e Richard Carpenter), I Believe You (Dick Addrisi, Don Addrisi) e uma deliciosa versão para o clássico das Marvellettes, Beechwood 4-5789, numa levada semelhante a Please Mr. Postman do mesmo grupo e regravada pelos Carpenters na década anterior. Aparentemente tudo ia bem com a cantora. Tinha casado no ano anterior com Thomas James Burris, após um rápido romance. Passaram a lua de mel em Bora Bora, mas parece que Karen não gostou do lugar, chamando-o de Boring, Boring (chato, chato).

Voltar a gravar significava retomar rotina de shows, viagens e aparições públicas e os irmãos voltaram a não ter tempo para uma vida social. para Karen isso custou seu casamento com Tom, que não suportava mais ficar londe da esposa por causa de tantos compromissos. A isso, somava-se os problemas de anorexia da cantora, que mais uma vez teve que pararr tudo para se tratar, não antes de participar de sua última sessão de gravação do álbuma ser lançado em 1982. Depois de meses lutando contra seu mal, Karen ganhou 14 quilos de massa, mas isso enfeqiueceu seu coração e ela teve que tomar remédios.

Em 1983, às vésperas de seu aniversário de 33 anos, foi passar uma temporada com os pais em Los Angeles. No dia 3 de fevereiro daquele ano, ela teve um encontro com Phil Ramone, onde amentou o cancelamento de seu álbum solo, que ela achava, com o perdão da má palavra, “foda” [declaração da própria cantora]. No dia seguinte, teve uma parada cardíaca e morreu no caminho do hospital. Encerrava-se ali, uma linda carreira e uma voz maravilhosa calava-se para sempre. Karen pretendia ir a público para falar de sua luta contra a anorexia, que acabou sendo um dos ingedientes que levou-a à morte. Em seu funeral, milhares de fãs foram dar o último adeus. Suas grande amigas Olivia Newton-John e Dionne Warwick marcaram presença.

Richard finalizou a gravação do álbum Voice of the Heart, que foi lançado naquele ano. o disco tem como destaque as músicas Make Believe It’s Your First Time (Bob Morrison, Johnny Wilson), Your Baby Doesn’t Love You Anymore e Now (Roger Nichols, D.Pitchford), o último registro da voz de Karen. Richard se casou com Mary Rudolph em 1984 e eles tiveram cinco filhos: Kristi Lynn, Traci Tatum, Mindi Karen, Colin Paul e Taylor Mary. Ele gravou seu primeiro álbum solo, Time, em 1985, disco que contou com as participações de Dusty Springfield e Dionne Warwick. Em 1989, foi transmitido o telefilme A História de Karen Carpenter, com a consultoria de Richard. Em 1996, o disco solo de Karen, com o nome dela,  foi lançado oficialmente, mas muitas múscas ficaram de fora. Em 2003, os carpenters ganharam uma estrela na calçada da fama. De vez em quando, Richard e seus filhos se apresentam em eventos relacionados à dupla. Parece que o legado da família está longe de terminar. Vem aí, uma nova leva de Carpenters. Aguardem e confiem!

Para terminar, os Carpenters tocando outro clássico dos Beatles, Can’t Buy me Love. Eles gostavam ou não gostavam dos Fab 4, hein? Outro clássico, And When I Die (do Blood, Sweat & Tears) cantado pelos Carpenters muito antes de se lançarem à fama. Quem faz dueto com Karen é a ótima Wanda Freeman.

Richard hoje em dia e Karen na capa do último disco

Fontes:

Wikipedia

Site Oficial

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Grandes Duplas Musicais: The Carpenters, parte 3

De trio de Jazz a dupla Pop de sucesso, os Carpenters foram muito bem sucedidos em seus dois primeiros álbuns pela A & M, Offering e Close to You.

Em 1971, veio o álbum Carpenters e a escrita foi mantida. As músicas For All we Know (Fred Karlin, Arthur James, Robb Wilson) e Rainy Days and Mondays (Paul Williams e Roger Nichols, os mesmos de We’ve Only Just Begun) foram os carros-chefes do disco, junto com um delicioso medley de Burt Bacharach e Hal David (que tinha, entre outras músicas, Make it Easy on Yourself e Walk on By),além do clássico Superstar (Leon Russell e Bonnie Bramlet).

Em 1972, foi gravado A Song For You, onde despontam a música-título (Leon Russell), Hurting Each Other (Gary Geld, Peter Udell), Top of the World e Goodbye to Love (primeiras composições de Richard Carpenter e John Bettis a terem destaque num álbum), I Won’t Last a Day Without You (Williams e Nichols) e Bless the Beasts and the Children (Perry Botkin, Jr., Barry DeVorzon), primeira música dos carpenters a figurar na trilha sonora de um filme (Abençoai as feras e as crianças no Brasil).

Em 1973, veio Now and Then e o sucesso continuava consolidado. Tem os clássicos dos Carpenters Yesterday once More (Carpenter e Bettis), Sing (Joe Raposo) e This Masquerade (Leon Russell), além do grande clássico do Country Jambalaya (Hank Williams) e um medley de grandes clássicos dos anos 60, com sucessos como Fun Fun Fun (Beach Boys), The End of the World (Skeeter Davis) e Da Doo Ron Ron (The Crystals), entre outros [parte 1] [parte 2].

Depois de dois anos fora do estúdio, em 1975, gravaram e lançaram o álbum Horizon com o super-sucesso Only Yesterday (Carpenter e Bettis), Please Mr. Postman (Robert Bateman e outros), sucesso com The Marvellettes e Beatles (olha eles de novo aí!), Desperado (Glen Frey, Don Henley), clássico dos Eagles e Solitaire (Neil Sedaka). O topo do mundo começou a cobrar seus tributos dos dois irmãos. Karen começou a sofrer com anorexia nervosa. Por conta disso, cancelaram vários compromissos, entre turnê e apariçoes públicas para tratamento.

Em 1976, o álbum Kind of Hush deu o ar da graça mas sem o mesmo êxito dos anteriores. Fazem parte dele o clássico There’s a Kind of Hush (Les Reed/Geoff Stephens), gravada pelos Herman’s Hermits; Can’t Smile Without You (Chris Arnold/David Martin/Geoff Morrow), I Need to Be in Love (Carpenter e Bettis com coautoria de Albert Hammond) e a versão deliciosa para o clássico de Neil Sedaka, Breaking Up is Hard to Do (Sedaka, Howard Greenfield).

O álbum de 1977, Passage já tinha uma pegada mais experimental, com a versão para Don’t Cry for Me Argentina (Andrew Lloyd Weber e Tim Rice) do musical Evita, All You Get from Love Is a Love Song (Steve Eaton) e Calling Occupants of Interplanetary Craft (Terry Draper, John Woloschuk), um cover da banda Klaatu.

Em 1978, eles lançaram apenas um álbum de natal, Christmas Portrait com várias canções natalinas (destaque para a versão belíssima e emocionante da Ave Maria de Bach e Charles Gounod na voz de Karen), além de uma canção de Richard em parceria com Frank Pooler, Merry Christmas Darling. Os problemas de Richard com o uso de soníferos Quaalude começaram a se agravar e ele teve que se afastar para voltar a se tratar.

O disco de natal dos Carpenters

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Grandes Duplas Musicais: The Carpenters, parte 2

Com o fim da banda Spectrum, Karen e Richard decidiram continuar em frente como duo, com a colaboração de John Bettis como parceiro nas composições. O primeiro passo dessa nova etapa foi distribuir demos gravadas em estúdio para as gravadoras. Gravaram como material de divulgação as músicas Your Wonderful Parade, Don’t Be Afraid e Invocation.

Para conseguir fazer os shows do programa Your All American College Show, eles fizeram um teste preliminar, onde recrutaram o baixista Billy Sissyoev e apresentaram um medley of Dancing in the Street e The Shadow of Your Smile, os  irmãos Carpenter se esmeraram tecnicamente em seus instrumentos. Com resultado da boa apresentação no programa, receberam uma proposta comercial da Ford de 50.000 dólares anuais para participar de campanhas publicitárias junto com o grupo Going Thing, lançando um novo modelo de carro, o hoje conhecidíssimo Maverick. Apesar da ótima oferta, os dois queriam muito assinar contrato com uma gravadora.

No início de 1969, uma das fitas chegou à A & M Records, capitaneada pelo grande trumpetista da banda Tijuana Brass, Herb Alpert, que havia fundado a gravadora com o amigo Jerry Moss (daí as iniciais do nome), que já tinha em seu cast os compositores Burt Bacharach e Hal David e o cantor Paul Williams. Alpert gostou muito do apelo apaixonado de Karen nos vocais e ofereceu o primeiro contrato de gravação para a dupla. Contudo, eles chegaram a um impasse: o contrato para a campanha da Ford iria consumir muito de seu tempo e eles não teria tempo hábil para cumprir os compromissos com a gravadora. Em nome da música e para trabalhar unica e exclusivamente com isso, deram adeus ao contrato lucrativo da Ford, mais um carro para cada um e declinaram da proposta.

Fizeram sua estreia na gravadora com o álbum Offering, com uma versão muito particular de Richard Carpenter para o clássico Ticket to Ride dos Beatles. A balada roqueira cheia de guitarras dos Fab 4, que apareceu pela primeira vez no filme Help! deu lugar a uma linda canção de amor feita com a voz maravilhosa de Karen e as deliciosas harmonizações criadas por Richard. O resultado não podia ser outro: sucesso! Embora não estivesse nas primeiríssimas psoições das paradas, a música chamou atenção, tanto que o álbum foi relançado no ano seguinte com o nome da música. Outra música de destaque: a versão da dupla para o hino hippie Get Together, grande sucesso da banda The Youngbloods.

Ainda em 1970, o álbum seguinte, Close to You foi resultado do encontro entre eles e o compositor e colega de gravadoraBurt Bacharach , que há muito estava interessado no potencial dos Carpenters e procurou agendar um show conjunto. Foi oferecida para a dupla a música (They Long to be) Close to You, gravada anteriormente pela musa Dionne Warwick em 1967, como carro-chefe do disco. Ela ficou em primeiríssimo ligar nas paradas. Outras duas músicas de Bacharach/David apareceram no álbum: Baby It’s You, gravada anteriormente pelas Shirelles e pelos Beatles (olha eles aí de novo!) e I’ll Never Falling in Love Again, outro clássico maravilhosamente cantado por Dionne Warwick. Os Beatles comparecem mais uma vez num disco dos Carpenters a partir da versão dos irmãos para o clássico Help!

Outra música que está no disco tem uma história muito interessante. Certo dia, Richard estava vendo TV e passou um comercial do Crocker National Bank com um tema chamado We’ve Only Just Begun. Ao ver aquilo, jovem pianista teve um estalo na mente e ele procurou saber de quem era a música. Descobriu que tinha sido composta por um colega de gravadora, Paul Williams em parceria com Roger Nichols e pediu permissão para que ela figurasse no álbum Close to You. Williams e Nichols deram um acabamento na música (foi usado apenas um trecho na campanha publicitária) e a entregaram ao eufórico Richard, sendo convertida num grande clássico dos anos 70 e da música em geral. A gravadora não botava muita fé que uma música de comercial fosse agradar, mas Richard bateu o pé e tudo deu muito certo: o single ficou em 2º lugar nas paradas nacionais.

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Grandes Duplas Musicais: The Carpenters, parte 1

Inauguro mais uma seção no nosso Musical Review. Aproveitando como gancho o aniversário da inesquecível cantora Karen Carpenter, vou começar falando sobre o grupo que deu a ela visibilidade, os  Carpenters, uma das mais representativas duplas de irmãos da história da música, graças a baladas românticas que eram sua marca registrada. Tiveram o auge criativo na década de 70, quando o Heavy Metal e o Punk eram tendências musicais dominantes. 

Tudo começou nos anos 60, quando o jovem Richard Linn Carpenter (nascido no dia 15 de outubro de 1946 em New Haven, Connecticut, EUA), revelou-se um prodígio no piano, mostrando aptidão nata para música. Filho de Harold e Agnes Carpenter, ele tinha uma irmã mais nova, Karen Anne Carpenter (nascida em 2 de março de 1950 em New Haven, Connecticut, EUA), que por ter tendência a engordar, tinha interesse em praticar esportes como softball, embora também apreciasse música como Richard. A família deixou New Haven em 1963 e seu mudou para o subúrbio de Downey, localizado em Los Angeles, Califórnia. Richard formou uma banda e participou de alguns concursos musicais. Karen começou a aprender bateria com o amigo Frankie Chávez, depois de ter desistido de todos os instrumentos que tentou aprender.

 No final de 1965, ela já sabia tocar como ninguém e formou com o irmão e o baixista Wes Jacobs, que também tocava tuba, o Richard Carpenter Trio, especializado em Jazz. Quando o grupo participou da Batalha de Bandas do Hollywood Bowl, tocaram o clássico da Bossa Nova, The Girl From Ipanema (Garota de Ipanema) em versão instrumental e uma composição própria chamada Iced Tea. Eles venceram aquele concurso e ganharam um contrato com a RCA Records, onde gravaram Every Little Thing (Beatles) e Strangers in the Night (Frank Sinatra). Esse material acabou não sendo aproveitado e a RCA acabou dispensando o grupo por não acreditar em seu potencial comercial. 

Em 1966, enquanto estavam no estúdio de garagem do baixista de sessão Joe Orborn onde Richard tinha ido para tocar e acompanhar um teste para trumpetista, o músico perguntou a Karen se ela cantava alguma coisa e quando ela abriu a boca, deixou Osborn tão impressionado, que ele acabou comentando: “esqueçam o trumpetista. Essa gorduchinha saber cantar!”. Por causa disso, Karen assinou com o pequeno selo que Joe tinha, Magic Lamp Records e gravou duas composições de Richard, Looking for Love e I’ll Be Yours. Infelizmente, o projeto “subiu no telhado” e o selo acabou. Osborn deixou que continuassem usando seu estúdio e eles elaboraram diversas demos. 

Em 1967, Karen, Richard e Wes juntaram-se ao guitarrista e vocalista John Bettis e outros dois músicos, todos colegas de Richard na Universidade do Estado da Califórnia para formara a banda Spectrum, que costumava tocar com freqüência no legendário Whisky A Go Go. Tentaram encontrar uma gravadora que se interessasse pela banda, mas não conseguiram lograr êxito. No ano seguinte, a banda acabou, pois alguns de seus membros foram batalhar outras oportunidades, como o amigo de longa data Wes Jacobs, que passou a integrar a Orquestra Sinfônica de Detroit. Já Bettis decidiu continuar com os irmãos e formou com Richard Carpenter uma prolífica parceria criativa. No meio do ano, a dupla de irmãos recebeu uma oferta para se apresentarem no programa televisivo Your All American College Show e fizeram sua primeira aparição na TV.

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